sábado, 15 de dezembro de 2012

Acessibilidade no mercado de trabalho


O termo acessibilidade tão debatido aqui no blog, não se resume apenas a rampas, banheiros adaptados, vagas exclusivas, mas sim a igualdade no acesso ao lazer, aos estudos, a saúde, e ao tão sonhado mercado de trabalho.

Desde que me entendo por gente gostei de ter a minha graninha, fosse pra comprar doces, revistas e as minhas tão amadas canetas (era viciada em canetas coloridas, tinha coleção e tudo kkkkkkk). Dei aula particular em casa por um bom tempo, era uma farra. Tive a sorte de ter alunos dos tipos mais variados, de um matutinho do interior até um aprendiz de surfista. Me chamavam de Tia Wivian kkkkkkkkkkkkk Depois dessa fase “professorinha” parti para o artesanato, fazia bijuterias, bonecas, tapeçaria, pense numa pessoa prendada kkkkkkk me virava como podia, mas sempre sonhando em trabalhar em uma empresa de verdade, ter uma carteira assinada.

Quando entrei na faculdade, minha visão se expandiu e vi inúmeras possibilidades. Tive a sorte de encontrar uma pessoa que viu meu potencial e logo me chamou pra trabalhar na empresa dela, um Petshop. Fiquei lá por 7 anos, cada dia era uma coisa nova. Comecei organizando os documentos e depois fui ganhando meu espaço. Trabalhei numa equipe que só tinha homens, e a minha chegada foi bastante festejada e comentada. A minha gerente teve o cuidado de prepara-los, dizendo que iria chegar uma pessoa capaz e que somaria a equipe, e que o que eles veriam é uma imagem diferente do realmente é. Pediu gentileza e que me ajudassem no que minhas limitações me impedissem, e assim foi feito. Cheia de ideias e vontade eu fiz o meu melhor, deixei a minha marca e fiz amigos.
Mesmo trabalhando lá, eu não parava de sonhar grande, enviava meus currículos e participava de vários processos seletivos. E nesses processos vi como a área de Recursos Humanos é deficiente, o quanto está despreparada para esses novos profissionais. Falo isso de boca cheia, pois faço parte dos dois papeis, sou mão de obra qualificada e também sou profissional de Rh, é tanta coisa absurda de empresas grandes que indignam de verdade. 

Fiz seleções pra vários segmentos diferentes, mas com testes específicos, entrevistas (até em inglês tá!!! Te mete com a pessoa kkkkkkkkkkkkkkk), dinâmicas de grupo .... Enfim todo o processo chato, mas de todas que fiz três me marcaram.  A primeira, foi uma multinacional do ramo alimentício, me fez passar por entrevistas em inglês com os gerentes de marketing, de recursos humanos e por fim com o regional. Criei uma “campanha de lançamento de um produto” para demonstrar criatividade, passei pela perícia médica deles, com o Dr Formiga (ele veio do Paraná pra me ver de confirmar minha aptidão ao cargo). Por fim, ouvi o “aguarde nosso retorno”, a reposta que recebi foi que meu currículo é ótimo, sou muito qualificada MAS que a matriz no Paraná não autorizou as adaptações no layout da empresa. Resumo, não fiquei. A outra marcante foi para um hospital de referência no cuidado materno infantil aqui em Pernambuco, e fez uma seleção para vários tipos de deficiências. Cheguei num prédio com escadas e sem aviso nenhum, quando entrei na sala vi um amontoado de pessoas e num birô a Dra Psicóloga. Vi que tinha além de deficientes físicos, alguns deficientes visuais, auditivos e mudos também. Quando as apresentações começaram, não vi nenhum profissional interprete de sinais. Me senti péssima com a situação, os meninos tentando emitir algum som pra que pudessem ser compreendidos, ninguém conseguia entender ou se mostrava revoltado com a situação. A tal Dra Psicóloga sorria, dizendo  “prometo que da próxima vez vou aprender pra ajudar vocês” ..... eu fechei a cara e esperei pra ver até onde este circo dos horrores iria. Na redação eu me soltei, esqueci a vaga e soltei o verbo. Critiquei a atitude da equipe de Rh, perguntei se realmente sabiam o que estavam fazendo, se percebiam o constrangimento e a exposição que estavam fazendo com os candidatos, que se em um processo seletivo de uma empresa a equipe recrutadora, que é a porta de entrada e fachada, não é capaz de mostrar o mínimo de respeito pelos candidatos a empresa em si também não é. Se meu currículo me abriu portas para essa vaga a minha redação as fechou com cadeado kkkkkkkkkkkkkkkk mas GRAÇAS A DEUS!! A terceira experiência (não a última kkkkkk) foi para uma indústria alimentícia (tenho cara de fominha!? Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk). Fiz a seleção exclusiva para deficientes, fui pré-selecionada e pediram que eu aguardasse a convocação. Esperei por 2 anos, quase um concurso público, e a proposta foi pra lá de indecente. Eu trabalharia ½ expediente, apenas 4 dias por semana, receberia ½ salário e na minha carteira já teria além da data de contratação a data de desligamento (que seria de 1 ano), minha resposta foi não.
Hoje trabalho como prestadora de serviço para uma secretaria de assistência social, é algo totalmente novo e desafiador. Preciso me cercar de Leis, Decretos e Resoluções para poder argumentar sobre qualquer entidade ou serviço assistencial (mega chique né kkkkkkkkkkkkk). Mas AINDA não me realizei, adoro o que faço e sempre faço o melhor. Tenho uma sede muito grande por desafios!!!! 

O que posso afirmar é que oportunidades existem sim, aos montes, mas faltam pessoas qualificadas tanto para fazer a captação quanto para ser contratadas. A acessibilidade no mercado de trabalho ainda é um tabu, muitos sabem dos direitos e deveres, mas não conseguem aplicá-lo. De um lado as empresas argumentam que há falta de candidatos qualificados e que o custo para adaptar a empresa são altos, do outro se ouve a queixa de uma mão de obra nem sempre tão qualificada (coisa que ninguém é por completo), mas com muita vontade e habilidades ainda não trabalhadas.

Esse assunto é GIGANTE e pra não tornar cansativo nem deixar de mencionar os aspectos legais, vou dividi-lo em 2, e durante a semana vou colocando mais coisas interessantes.
Beijos e inté
=)

5 comentários:

  1. Ficou perfeito o post amiga. Abordou de forma clara e objetiva. Adorei conhecer mais algumas de suas experiências amiga!!! Beijão

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  2. Boa tarde amigas, adorei o blog e a temática de vocês, já estou seguindo, sou Damião Marcos do blog inclusão diferente que tal começar o novo ano deixando o vosso blog mais funcional e com uma cara mais profissional?
    Esse é um dos meus trabalhos e como os nossos objetivos são de inclusão não se preocupe que o preço a gente discute o que for melhor para vocês, aguardo o vosso contato no e-mail cd_solo@yahoo.com.br além disso vamos fazer parcerias e amizades afinal de contas a união é a força.

    Podemos até fazer um modelo sem compromisso.

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    1. Olá Damião. Que ótimo que gostou! Entraremos em contato com certeza. Abraços!

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  3. olá. Sou weldes, amigo de wivian.A todos que compõem este blog, boa tarde. e pra wivian, digo sempre minha amiga e uma pessoa inteligente. Parabéns!

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  4. Muito obrigada Well!!! Beijo grande e continue nos visitando

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