quinta-feira, 23 de maio de 2013

Acessibilidade em concursos


Diante da dificuldade para as pessoas com deficiência ingressarem no mercado de trabalho, os concursos tem se tornado uma excelente rota de inclusão. E apesar de alguns políticos tentarem reduzir a cota obrigatória de reserva de vagas, de 5% para 3%, muitos ainda vem sonhando com a tão almejada segurança e estabilidade. Se não bastasse a disputa por uma vaga, nós temos ainda que nos submeter a um interrogatório sobre a veracidade da deficiência e enviar laudos com no máximo 12 meses AUTENTICADOS, comprovantes para o comitê organizador do concurso. Entendo que um concurso público é um processo seletivo sério e tal, e que alguns espertinhos gostem de tirar vantagem, mas inventar uma deficiência eu já acho demais né não?!


Entrei nessa onda de concursos e comecei a estudar em casa, e resolvi fazer as aulas on line mesmo. Não tenho muita paciência pra estudar para concurso, ainda mais em cursinhos com aqueles “concurseiros” que já sabem de cor tudo o que acontece em cada banca examinadora. Desculpem amigos concurseiros, mas alguns são chatos mesmo kkkkkkkkkkk não dão folga pra quem quer aprender e ficam apressando o professor na intenção de “ganhar tempo e assunto extra”. Acreditem, não adianta nada disso tá, todo o conteúdo já está definido e estruturado nas apostilas! Bem, me inscrevi em dois concursos públicos federais aqui no meu estado e em ambos concorrendo como pessoa com deficiência e requerendo atendimento especial (salas acessíveis com rampas e banca especial para cadeira de rodas). Preenchi todas as fichas solicitando o “tratamento especial” e enviei toda a documentação, em um deles gastei mais do que o valor da inscrição, pois paguei o SEDEX com resposta (uma exigência a mais da organizadora affff) e no outro tive que ir pessoalmente à organizadora entregar o formulário. 

Como sou amadora nesse quesito concurso, eu imaginava que eles entrariam em contato pra avisar ou que tivesse algo no site sinalizando algum erro no meu pedido me dando tempo de corrigir alguma falha (caso houvesse) e eu pudesse ter meu pedido deferido. Mas não tinha e eu tive que ligar para Brasília umas três vezes e para números diferentes, até ouvir que meu pedido não tinha sido deferido pois o laudo enviado não atendia a exigência do edital. Eles alegaram que não era original, mas o edital pedia original ou cópia autenticada e foi justamente isso o que enviei.  Entrei em desespero total né, pois só fiquei sabendo disso dois dias antes da prova e não tinha como corrigir o tal erro já que não era permitido o reenvio dos documentos ou qualquer reinvindicação. Consegui o telefone do local onde iria fazer a prova e me informei sobre a acessibilidade do prédio e se lá eles possuíam a tal banca pra minha cadeira, e me falaram que sim que tinham tudo lá. Fiquei um pouco mais calma, mas combinei de chegar lá duas horas antes só pra me certificar. Cheguei lá e tive que contar com a boa vontade dos funcionários da faculdade pra que eu pudesse entrar com o meu carro. Conferi a acessibilidade e tive que seguir pra sala com os fiscais. Chegando à sala tive outra agradável surpresa, não havia banca pra mim. A fiscal chamou o coordenador e ele foi meio grosso e disse que não sabia da minha solicitação já que eu não havia me inscrito como pessoa com deficiência, eu confirmei minha solicitação e mostrei pra ele tudo o que eu estava dizendo. Falei que não precisava de muita coisa, o birô ou até mesmo uma prancheta já me serviriam, ele disse que ia ver o que era possível e retornou uns vinte minutos depois com uma prancheta. Consegui fazer a prova sem maiores problemas (apesar de estar muito cansativa a prova foi boa).A saída da sala foi tranquila e pude conversar com uma das fiscais que me ajudou, ela também ficou surpresa com a falta de organização e burocracia para deferir o meu pedido.



Sei que problemas existem em todas as áreas além de pessoas que mentem e se aproveitam do atendimento preferencial, mas não vejo o porquê de tanta burocracia para atender e permitir que mais pessoas possam ter acesso a um direito que lhe é assegurado pela Constituição Federal. Devido ao meu nervosismo e amadorismo, deixei passar essa falha da organizadora, mas quero que fiquem em alerta para cada detalhe e passem a brigar mais pelos seus direitos. Este percentual existe não por sermos considerados coitadinhos, mas por uma falha na própria sociedade que insiste em não nos ver como pessoas capazes e produtivas. E como falei no começo, existem políticos querendo reduzir o percentual da exigência no valor da cota para pessoas com deficiência nas empresas, outro absurdo que devemos unir forças e lutar contra. Pra reduzir esta cota, o governo precisa mudar muita coisa a começar por oferecer uma educação de qualidade e inclusiva, que permita que pessoas com qualquer limitação possa competir em igualdade por uma oportunidade de emprego, desde que respeite os limites do candidato. E isso independe de ser uma deficiência ou conhecimento, todos possuímos um limite que pode ser ultrapassado e compensado por outra habilidade, bastando ser desenvolvida.

Vou deixar aqui uns links interessantes e importantes para que vocês possam participar do abaixo assinado contra a redução das cotas e uma matéria sobre um rapaz que processou a organizadora do ENEM pelo mesmo motivo que eu, falta de acessibilidade mesmo ele tendo se inscrito e solicitado o atendimento especial.
Beijos e inté mais
=)



2 comentários:

  1. Infelizmente muitas organizadores, escolas e faculdades ainda deixam a desejar nesse quesito da nossa acessibilidade para as provas. Eu por exemplo (cadeirante) fui fazer a prova do ENEM certa vez, chegando na faculdade em que seria aplicada a prova, simplesmente me colocaram no 2º andar em um prédio sem elevador com a alegação ridícula de que a tal sala era melhor pois tinha menos barulho, peraí, no momento em que eu me inscrevi eu solicitei uma sala de fácil acesso. No fim das contas ficou elas por elas e acabei fazendo a prova no 2º andar. Mas agora uma dúvida que trago aqui para o blog, essas mesas com a cadeira acoplada que estão sendo usadas em escolas e universidades e completamente inútil para nós cadeirantes, isso é um padrão correto? Tipo, não haveria uma obrigação da escola e universidade ter outro tipo mesa disponível aos cadeirantes ou quem sabe abandonar essa padrão de mesas e usar mesas e cadeiras separadas como antigamente.

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  2. Olá, de acordo com a ABNT existe sim regras especificas para cada limitação, mas infelizmente muitas entidades de ensino "desconhecem". Essa falha é geral, não procuram adequar de fato os espaços e objetos alegando um alto custo mas na verdade não é. Vou procurar na net materiais sobre isso e vou disponibilizar aqui ok. Abraço

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