terça-feira, 7 de maio de 2013

Karolina Silva: "A nossa condição é um detalhe e não uma sentença!"

Oi Gente, estava com saudades de colocar mais uma história bonita e hoje vocês vão conhecer a Karolina Silva. Eu conheço a pouquíssimo tempo essa linda mulher, mas fiquei fascinada pela história dela e por isso resolvi colocar aqui para compartilhar com vocês. Histórias como essa da Karol, fazem a gente perceber que não estamos sozinhos e que apesar de nossas dificuldades (porque claro, todos nós temos!!) podemos modificar nosso destino e reagir para a vida e como a Karol mesmo diz:
 
"Aí é que está a importância de ser uma pessoa resolvida e segura, a deficiência não nos impede ou nos diminui em nada. É necessário que você saiba se impor, usar seus atrativos, se gostar como você é, para atrair pessoas legais. Se você se fecha, se exclui, as pessoas também não te percebem!"
  
Karolina Silva, 24 anos, cadeirante desde os 12 e tem uma patologia chamada Charcot Marie Tooth.
 
Me chamo Kássia Karolina, mais conhecida como Karol, tenho 24 anos de idade, sou cadeirante desde os 12 e tenho uma patologia chamada Charcot Marie Tooth. O Charcot é uma doença hereditária e progressiva que provoca danos nos nervos periféricos resultando em fraqueza e atrofia muscular. Quando eu nasci quase ninguém percebia a minha doença, parecia ser uma criança absolutamente saudável, mas quando alcancei a idade de andar, logo minha mãe percebeu que havia algo de diferente, pois eu tinha aflição de colocar os pés no chão e depois de muito ela questionar alguns médicos, que diziam que eu não tinha nada e que ela
 
procurava doenças em mim, a confirmação aconteceu por meio de uma biópsia. Eu sou a quarta filha de um casal de primos e tenho mais parentes com a doença na família, daí a certeza também da hereditariedade. Comecei a andar com dificuldade e tinha os pezinhos tortinhos, com 7 e 8 aninhos fiz duas cirurgias ortopédicas e com eles corrigidos eu já caminhava perfeitamente com o próprio gesso. Durante todo esse período de cirurgia, recuperação e consultas eu nunca deixei de ir à escola, minha mãe enrolava minha perna numa sacolinha e eu ia, na chuva ou no sol, com dor ou sem dor, adorava estudar. A partir da recuperação da cirurgia eu andava com goteiras e fazia muita fisioterapia. Andei assim até os 12 anos, fase em que comecei a cair muito, sinal da progressão da doença, os músculos foram enfraquecendo. Digo que essa foi uma das fases mais difíceis da minha vida, e se não fosse o apoio social e psicológico que eu recebia da AACD que me assiste, me trata desde os dois aninhos, da família e principalmente da minha mãe guerreira (meu anjo que sempre partilhou meus sofrimentos e minhas alegrias) me ajudando, eu não teria aceitado uma cadeira de rodas.
 
 
Eu ainda era uma criança para compreender a complexidade de tudo isso, mas a tristeza que eu sentia quando um amiguinho da escola me perguntava porque até ontem eu ia andando estudar e agora só ia de cadeira de rodas era imensa!   A adolescência foi um período muito complicado. Em meio a toda aquela confusão de emoções que implica essa fase, a importância que os adolescentes dão às aparências, e ainda o fato de eu ser uma garota diferente, não andar, ter de enfrentar desafios de acessibilidade, de convívio em meio à turma. Tudo isso era muito sofrido, mas eu sempre fui muito calma, paciente com tudo, e apesar de todas as dificuldades eu aceitava minha condição, era uma garota alegre, simpática, divertida, nunca fui revoltada como esses adolescentes de hoje em dia rsrs... Minha família sempre me apoiou em tudo, mas alguns tiveram e ainda tem mais dificuldades em aceitar a deficiência, sentiam que não era justo eu ser fisicamente diferente das outras três irmãs, temiam pelas dificuldades que eu enfrentaria nesse mundo totalmente despreparado para me receber. Mas com a tranquilidade, sabedoria e maturidade que já tinha desde cedo, os consolava e mostrava que podia ser tão feliz quanto elas, que todos temos um tipo de dificuldade, uma deficiência em particular, que essa era a minha, e que eu estava preparada e aceitava superar o que fosse preciso.
 
 
 Hoje adulta, mais esclarecida, posso dizer que nunca fugi à luta... Estudei, trabalhei, fiz muitos amigos, saio e me divirto (claro que de acordo com as possibilidades de transporte e acesso) e tenho minhas responsabilidades, deveres. Aceito a minha condição, minhas limitações, mas não permito que elas me impeçam de seguir os meus sonhos, vontades...
 
Sempre tive meus relacionamentos, namoros rs. Lógico, não podemos negar que nessa questão existem as pessoas que têm receio de se aproximar de um cadeirante, por ser algo desconhecido, diferente. Na minha opinião isso acontece muito mais com as mulheres cadeirantes (os homens no geral são menos esclarecidos nessas situações). Aí é que está a importância de ser uma pessoa resolvida e segura, a deficiência não nos impede ou nos diminui em nada. É necessário que você saiba se impor, usar seus atrativos, se gostar como você é, para atrair pessoas legais. Se você se fecha, se exclui, as pessoas também não te percebem! Meu relacionamento mais longo foi um namoro que durou três anos com um rapaz também cadeirante e tive também envolvimentos com as pessoas chamadas "normais" rs... "Ter ou não ter " uma limitação, não pode ser um fator decisivo nessa questão, assim como em nenhuma na vida. A nossa condição é um detalhe e não uma sentença!
 
Fontes: Fotos e texto cedidos por Karolina Silva.
 
 
E a Karol não poderia terminar melhor seu texto: "A nossa condição é um detalhe e não uma sentença!". Esta frase realmente é perfeita! Obrigada por sua colaboração em nosso blog!!!
 
Bjão para vocês e até a próxima semana...;)

11 comentários:

  1. Karol é isso aê guerreira. Linda sua história. Sua frase de que " A nossa condição é um detalhe e não uma sentença" foi show .... Parabéns pela lição de vida !!!!!!!!

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  2. Linda história, exemplo de superação!!!! Obrigada por compartilhar conosco!

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  3. Parabéns amiga loira!!! Definiu muito bem a nossa situação!Te conhecer foi um dos maiores ensinamentos e alegrias da minha vida. Amizade de longa data e longos papos. bjs

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  4. Obrigada Gilson querido, pelo carinho! Tbm sou mto feliz pela nossa amizade antiga!! bjs

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  5. olá Karol parabens .. assim como vc supero eu tbm tive que mi supera.. sofri um açidente de moto fiquei paraplegico . no comeso tudo e difiçil.. mas com o passar do tempo vamos colocando tudo no lugar do nosso geito.. si adaptando
    hj eu trab tenho minha ofiç pintura de moto... coisas para mim anos atráz era impossivel hj eu consegui..... .. adorei sua história f cDeus continua sempre com esse sorriso lindo no rosto..Deus te abençõe .. bjs..

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  6. Vc linda Deus te abençoe sempre .
    Exemplo de vida ..

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