quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Sou gay, tenho deficiência e agora?


Estamos vivendo momentos de reflexões profundas sociais, essa convivência com a diversidade humana, as alterações do modelo familiar, tudo vem contribuir para que haja estranheza da parte dos conservadores. Por outro lado temos que ter em mente que atravessamos de um século para outro com uma velocidade relâmpago, sociedade moderna com pessoas vivendo no século 19, aonde tudo era feio, proibido e pecado, é compreensível.




Em si a homossexualidade já traz toda uma bagagem de negações, de mazelas a ponto de existir grupos de exterminação deste público devido a sua orientação sexual, agora imagine se esta mesma pessoa tem uma preferência sexual que foge aos padrões do que é “correto” e ainda tem deficiência? É constrangedor a forma como é tratado este ser humano, no quanto de olhares de ironia, sarcasmo e intolerância social que enfrentará somente por querer viver a própria vida.

Normalmente já temos problemas com nossa sexualidade em ser heteros, ter deficiência, ter desejos e tesão por alguém, já somos marginalizados, porque o conceito social de que somos assexuados é absurdo, nossa beleza sempre é questionada, haja visto que fugimos de todos os protótipos enfiados goela abaixo por uma mídia que tem necessidade de padronizar tudo para todos ficarem como os homenzinhos azuis a propaganda da TIM.

Bom, se somos assexuados não podemos ter preferência por homem ou mulher para nos relacionar, não podemos abraçar, deitar na cama, se aconchegar no colo, beijar a boca que queremos? Temos que ficar quietos e riscar do nosso DNA toda nossa energia sexual e vital que corre em nossas veias? E porque não podemos ter um relacionamento homo afetivo? Será que a felicidade é para poucos?

Nós, pessoas com deficiência sempre lutamos pelos nossos direitos, por uma inclusão social por inteiro, conseguimos muitas coisas, benefícios para termos uma qualidade de vida melhor e digna, entretanto esquecemos a nossa vida sexual e reprodutiva, a homossexualidade e lesbianidade então, nem se fala, assunto proibido perto da excomunhão... Complicada esta visão social que não temos sexualidade, será que somos considerados anjos ou demônios? Qualquer que seja a visão, não irá importar, pois temos que escolher o nosso caminho e fazer todo o processo de libertação, porém sem esquecer que toda escolha tem conseqüências, que diversas ocasiões envolverão outras vidas, a família sentirá os efeitos.

O livre-arbítrio existe justamente para que a nossa caminhada seja nossa e de mais ninguém, que essa construção da independência seja individual, contudo sem esquecer que a felicidade existe desde que poucas pessoas se machuquem diante desta metodologia de aceitação do ser sexual, independente do caminho a ser seguido.

Em várias ocasiões me peguei perguntando, como seria se minha orientação sexual fosse diferente das regras sociais? Com a família que tenho, com as filhas que criei, os amigos em tese não vejo grandes alterações, haja vista que a grande maioria são militantes de Direitos Humanos, porém acredito que no pessoal teria um paredão para escalar, seriam longas exposições de sentimentos, diversas catarses, até chegar a um denominador comum de aceitação da minha escolha.

Por mais que todos falem que é normal, que não vê problemas, porque a vida e as escolhas são individuais, no fundo causa constrangimento ver duas pessoas do mesmo sexo se amando, devido a toda criação que temos em acreditar que o certo é homem e mulher, misturando religiões, escrituras sagradas, embora na antiguidade era natural a iniciação sexual dos meninos serem com outros homens adultos, assim também nas “reuniões” ter relações homossexuais.

Antigamente os conceitos éticos e morais eram mais flexíveis, mais tolerantes, principalmente tratando-se na questão da sexualidade das pessoas que não tinham deficiência, enquanto em nosso caso éramos jogados de abismos por serem tratados como monstros, com espíritos malignos... rsrs... creio que estamos melhores agora, na monstruosidade ninguém mais acredita, porém não querem ver pessoas com deficiência pelas ruas trabalhando, passeando, namorando, se curtindo, vide a falta de acessibilidade que encontramos no dia a dia em nossas cidades, em nossos locais de trabalho, motéis, etc...

Preconceito, falta de compreensão, negação dos direitos alheios, julgamento das escolhas, alienação do que é certo, errado, moral e ética... enfim, é dessa forma que atualmente vimos os assuntos sérios serem tratados, abordados erroneamente incentivando todo tipo de discriminação, causando um apartheid cruel em nosso segmento, sonegando informações, orientações para que esta pessoa possa decidir-se mais facilmente qual o melhor caminho a tomar para que alcance sua realização pessoal.

 O amor não tem sexo, preferência de companhia, somente quer estar junto e completar-se, a deficiência, a sexualidade, a homossexualidade, a lesbianidade, a heterossexualidade, enfim não importa, na real o que é importante é a pessoa ser feliz do jeito que escolher e trouxer a realização pessoal, emocional e psicológico.


  Pode ser normal um casal homo afetivo, mas não é comum ver o mesmo casal com deficiência, devido a caminhada de reconhecimento que estamos iniciando de um direito primário que é usufruir o sexo e constituir família, até de andar de mãos dadas pelas ruas sem causar estranheza ou espanto da sociedade. A deficiência faz que a vida seja vista de forma diferente por nós, sentimos tudo de forma única, tentamos nos livrar do peso do errado e o pecado, porém quem está a volta insiste em nos deixar este peso em nossos ombros, com o intuito de frear a nossa libido, as nossas gestações de vidas e de pensamentos, nos dando uma imobilidade que não nos pertence, subjugando-nos a nossa capacidade em ser felizes.


  Ainda temos muito trabalho para fazer, orientar, incentivar essa galera que necessita em amar e com o coração explodindo de paixão e carência, sendo assim vamos amar, tocar, sentir, beijar, fazer amor com responsabilidades, lembrando que temos as DSTs por ai nos assombrando...


Até nosso próximo encontro!!!


           




* Márcia Gori é bacharel em Direito-UNORP, Presidente-fundadora da Ong “ESSAS MULHERES”, Idealizadora da Assessoria de Direitos Humanos - ADH Orientação e Capacitação LTDA, Ex-presidente do Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa com Deficiência - CEAPcD/SP 2007/2009, ex - apresentadora do Programa Diversidade Atual no canal 30-RPTV, ex-Conselheira Estadual do CEAPcD/SP 2009/2011, ex-Presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência de São José do Rio Preto/SP 2009/2012, membro do CAD - Clube Amigos dos Deficientes de São José do Rio Preto/SP. Idealizadora do I Simpósio sobre Sexualidade da Pessoa com Deficiência do NIS – Núcleo de Inclusão Social da UNORP, Seminário sobre Sexualidade da Pessoa com Deficiência na REATECH 2010/2011/2012/2013, co-realizadora do I Encontro Nacional de Políticas Públicas para Mulheres com Deficiência em 2012, capacitadora e palestrante sobre Sexualidade, Deficiência e Inclusão Social da Pessoa com Deficiência, modelo fotográfico da Agência Kica de Castro Fotografias.


Blog/site: www.marciagori.net


VAMOS FALAR DE SEXUALIDADE E DEFICIÊNCIA???
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2 comentários:

  1. Muito bom o texto!!Além de enfrentar uma sociedade preconceituosa,por sermos deficientes,vem a sexualidade,que também é vista como coisa de outro mundo,E se o individuo é gay,o mundo caí em cima!!Ms nada como ser forte pra enfrentar as barreias da vida!!bjss meninas

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  2. Ser Gay ou Deficiente são preconceitos bem diferentes, Gay vai sofrer os preconceitos existentes em nossa sociedade sobre os gays;Deficientes e mais um sentimento de pena que as pessoas tem(as vezes até passado pelo próprio deficiente) Gay e Deficiente vai passar por esses problemas separados gosto muito das matérias do Inperfeitas mas esta eu não concordo.

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