terça-feira, 18 de junho de 2013

Desabafo...

Sempre me perguntam tantas coisas, é normal as pessoas terem curiosidade acerca da minha deficiência. Pois não é comum alguém estar em uma cadeira do dia para a noite (sem motivo aparente, como um acidente, por exemplo) e mexer as pernas normalmente, ou ficar de pé e não conseguir ficar por muito tempo. Então, uma das coisas mais comuns ainda é me perguntarem se foi mais difícil para mim que descobri a doença desde cedo e a cada ano tendo pioras e vendo a progressão da mesma, ou se para alguém que sofre um acidente e fica sem andar do dia para a noite. Realmente, é uma questão que para mim pouco importa... não se compara dor, não se compara sofrimento, não se calcula o quanto uma pessoa sofreu mais que a outra ou não. Cada um suporta uma dor limite. Cada ser é diferente do outro. Ao mesmo tempo que descobri cedo e tive ajuda familiar, muitas outras pessoas não tiveram e não tem. Muitas pessoas não tem e não tiveram a chance que eu tive de estudar e me tratar... Aí me dizem..."poxa Lu, mas você fez duas cirurgias sérias de coluna, escapou da morte duas vezes, sofreu com a adolescência, com preconceito"! Então... Mas isso me ajudou a evoluir como pessoa, me tornou uma pessoa forte. Forte? sim... Forte! Vejo tanta gente que chora e sofre (sofre mesmo) porque se acha cheinha, fora dos padrões...Eu hoje tive que me adaptar às mudanças do meu corpo! Porém, desta mesma forma não podemos menosprezar o sofrimento delas. É preciso respeitar o sofrimento de cada um.
Existem muitas pessoas que sofreram acidentes e hoje são paraplégicas ou tetraplégicas e ao mesmo tempo, dentro desse conjunto de pessoas, existem aquelas que são tristes e reclamam da sua situação, preferiam não ter sobrevivido a viverem naquelas condições (talvez elas precisem de mais tempo para aceitarem sua nova condição) e outras que dão graças a Deus pela oportunidade de estarem vivas e usufruindo ainda do amor dos parentes e amigos. Nem preciso explicar o motivo de ser fã dessas últimas pessoas, pois acredito que manter uma postura positiva diante da vida é sempre a melhor maneira de sobreviver! Todos temos problemas, claro que sim. É preciso respeitar a dor de cada um, mas não precisamos fazer de nossa dor a dor do próximo.



Um abraço a todos!!!!

3 comentários:

  1. Lindo post Lu! Minha amiga linda e guerreira. Beijooos

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  2. É, Luciana... você disse muita coisa nesse pequeno texto... do incômodo (pelo menos para mim) causado pela curiosidade mórbida dos outros, até a capacidade desconhecida de adaptação que todos nós, em maior ou menor intensidade, temos. Ninguém nasce pra ser limitado por ninguém e nem por nada, o ser humano existe pra ser livre e pronto! mas de repente "vem a morte ou 'coisa parecida' e nos arrasta, moço, sem ter visto a vida"... e aí? Aí vem aquela sensação de que "eu era feliz e não sabia" e mesmo assim, uma hora ou outra a gente percebe que tá aqui nesse mundo e que ainda há tanto pra se fazer. Meu caso é diferente do seu. O meu foi estanque, numa fração de segundo fiquei tetraplégico. Um deslize, menos de um segundo. Fica a sensação de que a vida não admite erros, mas... cara.. o que seria do viver se não fossem os riscos? Então, a gente vive, de uma forma que nunca imaginou porque, na verdade a gente nunca imaginou que isso poderia acontecer com a gente. E vê a vida de um modo muito diferente daquele que a vida vê a gente... pq q tô falando "a gente"?! tá, não tenho procuração pra falar por ninguém, mas dei a sorte de conhecer e participar de um grupo de pessoas com deficiências que me mostrou que a vida é isso aí que eu e você e todo mundo vemos: um monte de coisas pra ver e experimentar e conquistar e, ainda por cima, lidar com a estranheza com que as pessoas nos vêem, mesmo que sejam estas pessoas tão ou mais estranhas que nós. A vida pra gente é bem mais difícil. É difícil subir, descer, passar e difícil, muitas vezes, acompanhar os amigos o que costuma alimentar a tal da solidão. O desafio é fazer uma vida grande num espaço pequeno e ao mesmo tempo fazer cada vez maior esse mundo, conquistar espaço nele quando nem mesmo o espaço de nossos corpos conseguimos conquistar plenamente, mas acho que viver é isso e é isso que eu tento fazer. Dói ás vezes o corpo.. dói às vezes a alma, principalmente quando não consigo chegar onde quero por causa da deficiência mas dói muito mais o peito quando a distância me afasta de alguém legal, por exemplo, e essa dor, como tantas, está aí pra todo mundo, seja deficiente ou não. Onde isso termina? na boa.. não sei e nem quero saber... só quero fazer o meu melhor e saborear cada momento. Bj grande, Lu!! Esse mundo é todo seu, então.. mete bronca!!!

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