sexta-feira, 31 de maio de 2013

Um toque de vaidade e moda

A beleza é algo tão subjetivo quanto os gostos e as preferências para se vestir.  E pensando nisso resolvi mostrar um pouco do que costumo usar e do que sinto confortável no meu corpo, mas SEM ESQUECER de valorizar o que tenho de mais bonito e para onde quero atrair olhares. Longe de ditar regras ou moda, eu quero mostrar que mesmo usando uma cadeira de rodas podemos sim sensualizar, e valorizar nossos atributos.

Ainda não existem empresas que trabalhem com peças de vestuário adaptados para as nossas limitações físicas, e diante desta dificuldade procuro roupas e sapatos que se adequem as minhas necessidades, como disfarçar a minha tão famosa escoliose e a valorizar minhas pernas e colo.  Não só o modelo da roupa, mas a escolha do tecido também é muito importante, pois mesmo sendo um vestido lindo de morrer e se tiver aquele tecido grosseiro e duro vai te machucar e se tornar desconfortável (principalmente se você for cadeirante como eu). Peças com zíper, botões grandes e/ou velcros facilitam também a nossa vida. Meu irmão mesmo manda adaptar as calças jeans dele, ele coloca um zíper na lateral da perna para facilitar. Sou fissurada em jeans (tenho vários shorts e calças e sempre acho que preciso de mais kkkkkkkkkkkkkk) além de ser básicos e combinar com qualquer coisa, hoje está sendo muito usado como roupa pra noite, aliado com saltos e maxi colares. Sempre que compro uma calça jeans procuro as com lycra, pois além de confortáveis facilitam o vestir (como eu não consigo coloca-la só, minha mãe agradece kkkkkkkk) e se ajustam a fraldinha viu!

Os vestidos e saias são super indicados devido à facilidade e praticidade, mas ainda não experimentei usar uma sainha, vou testar e conto a vocês (perceberam que eu não falei dos vestidos e saias, mas sim da “sainha” é muito atrevimento da pessoa  kkkkkkkkkkkkk). Mas não se esqueçam de colocar um shortinho por baixo viu!!! A não ser que queiram sensualizar como a Sharon Stone e/ou pagar calcinha :p Se a ideia não for essa, cuidado nas poses ok! As demais peças de roupas dependem muito da região em que vocês moram, eu sou abençoada em todos os sentidos, pois meu estado tem um clima muito gostoso. Aqui temos verão praticamente o ano todo e no nosso inverno o frio não chega com tanta força (ainda bem, pois sou super friorenta kkkkkk), só a chuva que atrapalha um pouco nossos planos de balada kkkkkkkkkk. Quanto aos sapatos, eu sou tarada por eles (como a maioria das mulheres né kkkkkk) meus amigos perguntam pra que ter tantos, mas como só nós entendemos, eles nunca são suficientes e os usamos conforme nosso humor! Como fico muito tempo sentada, meus pés incham devido a pouca circulação, e o cuidado na escolha deles também é importante. Tenho vários modelos, das rasteirinhas aos saltos finos, não deixo de usar salto por estar na cadeira, os uso sim e ficam lindos! Para cada situação tem um modelo que seja mais adequado e confortável, em casa eu prefiro ficar descalça, no trabalho eu opto por sapatilhas e rasteirinhas, mas a noite eu abuso dos saltos.

Como falei antes, não quero ditar nenhum padrão ou regra do que deve ou não ser usado, mas vim mostrar algumas alternativas para aproveitar o que temos disponível no mercado, e até mesmo de adaptarmos algumas peças para montar looks legais que além de conforto nos permita valorizar a beleza natural e única que cada uma de nós possui. 

Beijos e inté mais =)

terça-feira, 28 de maio de 2013

Bate papo sobre SEXO: Uma visão inclusiva-feminina sobre o assunto

No post de hoje resolvi abordar um tema super tabu para muitas pessoas e que também rodeia o mundo do deficiente físico, e com maior grau nas meninas deficientes: SEXO!
Sim, Sexo! Nós fazemos sim, faz bem e não nos cansa, apesar que para algumas deficiências a fadiga não seja aconselhável, o sexo é aconselhável, pois além de fazer muito bem a saúde eleva a autoestima. Não importa a forma que é feito e sim se sentir bem, ser prazeroso.
Conheci algumas meninas e as pedi opiniões para nosso post ficar mais rico. Fiz perguntas a elas e as respostas vocês verão em um rico e grandioso bate papo entre mulheres sem pudor e principalmente dispostas a ajudar outras mulheres, também com alguma deficiência.
Por motivos já explicados no primeiro parágrafo do post, nós iremos proteger as meninas de prováveis constrangimentos, mantendo seus depoimentos anônimos.
Vamos lá ao que interessa ;)
Marcia Gori com o modelo Faraoni Fontes. Foto Kica de Castro

inPerfeitas - Há momentos em que você se sente menos atraente do que as outras mulheres por ter uma deficiência?
(P.K.S, Distrofia Muscular, 32 anos, solteira.) Sim, pra mim é normal em alguns momentos, uma mulher se sentir menos atraente do que outra mulher, afinal mulheres sempre estão se comparando com outras. Creio que o que torna preocupante é se esses momentos tornam-se constantes, de forma que você não reconheça seus valores reais, seus pontos positivos. E todos temos...
(D.N.G. 28 anos, Distrofia Muscular, solteira) Sim, com a idade vamos aprendendo e entendendo que a sensualidade é exercida de várias maneiras, e que isso depende de como nos vemos e nos portamos, mas em determinados momentos gostaria de poder fazer coisas que não posso, acho isso inevitável.
(R.S.T, 28 anos, Distrofia muscular, solteira) Acho que não, mas em certas ocasiões sim. Isso é variável, pois tendo a alto estima boa você consegue superar isso, vai achar alguém que goste do que você tem de bonito.
(R.S.L, 23 anos, Mielite transversa Viral. Em um relacionamento sério há 3 anos) No início da lesão eu não era acostumada a ver muitas meninas cadeirantes, tudo era muito novo para mim. Depois que fiz minha reabilitação, fiz amizades e conheci o novo mundo dos deficientes, onde nós podemos fazer tudo o que queremos lógico dentro dos nossos limites. Eu comecei a me ver de outra forma, não mais inferior, mas igual. Continuo sendo quem eu sou, porém só tenho um detalhe a mais: uma cadeira de rodas. Aprendi a fazer dela um "charme".
(K.C.S, 24 anos, Distrofia Muscular, Cadeirante) Não vou negar, mas existem algumas situações que me sinto menos favorecida nesse aspecto sim. Isso mais pelo fato de estar sentada e não poder usar de alguns atrativos específicos rsrs... Mas isso não me torna uma mulher menos atraente, com o tempo a gente aprende a usar as possibilidades que tem para ser mais sensual e caprichar no poder de sedução rs.
(D.R.S, Distrofia muscular, Solteira) No inicio me sentia menos atraente sim, pois eu acreditava que as outras mulheres chamavam muito mais atenção por serem “perfeitas”, hoje não mais, pois sei dos meus pontos fortes.
inPerfeitas- Como foi pra você o início da puberdade, a fase da adolescência?
(P.K.S, Distrofia Muscular, 32 anos, solteira.) Foi bastante complicada, eu vivia sonhando com um príncipe encantado e com minha primeira vez. Mas ao mesmo tempo, nesta fase eu me achava horrível, e tinha a deficiência que deixava minha autoestima ainda pior, eu não acreditava que um dia alguém se sentiria atraído por mim, embora sonhasse com isso.
(D.N.G. 28 anos, Distrofia Muscular, solteira) Nesta fase não tive muitos problemas, aproveitei tudo o que tinha para aproveitar, me conhecia e gostava de mim .
(R.S.T, 28 anos, Distrofia muscular, solteira) Pra mim foi tranquila, sem muitos problemas, comecei ver diferenças em meu corpo e tive uma boa reação.
 (R.S.L, 23 anos, Mielite transversa Viral. Em um relacionamento sério há 3 anos) Foi difícil, pois não sabia como seria essa fase, era uma época em que os amigos saiam bastante, iam para festas e conheciam pessoas e namoravam e eu me sentia de certa forma excluída. Mas não queria que as melhores fases da minha vida passassem assim em branco, então com meu jeito de querer sempre liderar e reunir todos, eu comecei a interagir mais, querer fazer parte do que eles faziam, comecei a mostrar que eu também podia sair. Foi ai então que descobri que eu podia ficar como meus outros amigos, apareceram paquerinhas e até um namoradinho no qual fiquei uns meses com ele, o tempo foi passando e eu cada vez mais amadurecendo a ideia de que eu não era inferior, que eu tinha o meu lugar, era só eu me impor mostrar quem eu era, e até onde eu poderia ir...
(K.C.S, 24 anos, Distrofia Muscular, Cadeirante) A adolescência em si já é uma fase complicada, ainda mais para uma mocinha cadeirante, costuma a ser o período onde “cai a ficha “. Começamos a perceber o quanto a nossa diferença física causa impacto, e a dificuldade de adaptação em algumas pessoas e em nós mesmas. Foi uma fase complicada em que tive que ser forte para não deixar a revolta tomar conta. Mas que bom que passou e que algumas frustrações só serviram para me tornar uma adulta mais forte e segura dos meus desejos e possibilidades.

(D.R.S, Distrofia muscular, Solteira) Na fase da adolescência, as vezes me sentia mal, porque minhas amigas sempre ficavam com muitos meninos e eu não. Porém, eu sempre tinha alguns namoradinhos, e eram os que eu realmente gostava.


inPerfeitas - Como anda a sua autoestima?

(P.K.S, Distrofia Muscular, 32 anos, solteira.) Hoje muito boa, nem sinal da menina problemática da adolescência. Porém, em alguns momentos, sinto-me inferior, ainda fico triste, gostaria de poder me sentir plenamente bonita e capaz de realizar um homem.

(D.N.G. 28 anos, Distrofia Muscular, solteira) Tenho uma estima positiva de mim mesma, gosto de  como sou , me admiro e me elogio, mas como todas as pessoas tem dias e circunstâncias que isso dá uma balançada, mas  considero esses picos  dentro da normalidade .

(R.S.T, 28 anos, Distrofia muscular, solteira)  Pra mim ela varia, depende do meu bom astral do dia.


 (R.S.L, 23 anos, Mielite transversa Viral. Em um relacionamento sério há 3 anos) Anda bem, é lógico que não estamos todos os dias alegre, e tão autoconfiantes, mas nunca deixo a peteca cair, sei que sou forte, se cheguei até aqui e hoje sou quem sou, devo isso a mim, a minha força interior que me permitiu superar os obstáculos e ver a vida assim de frente, de cabeça erguida.


(K.C.S, 24 anos, Distrofia Muscular, solteira) Estou muito contente com minhas realizações, é claro que "nem tudo são flores", e que as dificuldades aparecem. Mas no geral considero que a minha autoestima anda alta até demais! rs

(D.R.S, Distrofia muscular, Solteira) Hoje minha autoestima é ótima, eu me sinto linda, sou vaidosa, me cuido muito.

inPerfeitas - Já percebeu algum preconceito a partir de um homem para você?

(P.K.S, Distrofia Muscular, 32 anos, solteira.) Já sim, e o que ficou mais claro para mim, foi há um tempo atrás, deveria ter meus 24 anos, um rapaz disse que não me namoraria mesmo gostando de mim porque ele me achava frágil e não queria me magoar um dia.

(D.N.G. 28 anos, Distrofia Muscular, solteira) Nunca senti preconceitos. Sinto que existe um medo de saber como se aproximar e uma curiosidade de como nós mulheres cadeirantes vivemos, e isso dificulta um pouco a aproximação deles.

(R.S.T, 28 anos, Distrofia Muscular, solteira)-  Graças a Deus nunca experimentei isso, logo de cara vejo com quem vou conversar, se percebo que vai ser um "manezão" que se acha a última bolacha nem falo, se acham muito pra poder ver com clareza alguma qualidade em uma cadeirante.


 (R.S.L, 23 anos, Mielite transversa Viral. Em um relacionamento sério há 3 anos) Sim, infelizmente, há muito preconceito nas pessoas ainda em relação a relacionamento. Acho que nós mulheres sofremos mais, pois os homens querem o visual, o "perfeito". Já tive a infelicidade de me deparar com pessoa de mente pequena, que não se abre e não se dá oportunidade do conhecimento. Acham que deficiente não tem vida sexual, que deficiente não mantém um relacionamento, que nós não podemos fazer o que todos fazem, lamentável.

(K.C.S, 24 anos, Distrofia Muscular, solteira) Diretamente não, mas em relação à conquista sim. Em algumas situações é possível perceber que há um interesse, uma atração enorme, mas aquele medo do que as pessoas em volta vão pensar impede o homem de se aproximar. Quando isso acontece eles acabam se aproximando de forma com que os outros não percebam, mas eu sempre expulso esse tipo de gente do meu convívio. Pessoas mal resolvidas, inseguras, que não assumem o que sentem, não me interessam.

(D.R.S, Distrofia muscular, Solteira) Eu não diria preconceito. Pois a verdade é a seguinte, o cara quer apenas curtir, zuar, ele não vai atrás de uma menina deficiente, pois ele quer algo mais fácil. Algo que seja superficial.
 


inPerfeitas - Como foi a sua primeira experiência sexual?

(P.K.S, Distrofia Muscular, 32 anos, solteira.) Foi boaa. Doeu sim, mas bem pouco e na época eu conseguia fazer bem mais coisas e bem mais posições. Porém, era muito encucada com meu corpo.

(D.N.G. 28 anos, Distrofia Muscular, solteira) Foi com 18 anos, com meu primeiro relacionamento sério. Éramos amigos a muito tempo, portanto já tínhamos uma intimidade, mas mesmo assim a primeira vez exige um tempo para sentirmos segurança. Não tive problemas, ele foi bem tranquilo e respeitador !

(R.S.T, 28 anos, Distrofia muscular, solteira) Aparentemente foi normal, por ser muito amiga do meu namorado na ocasião, me senti bem a vontade, tirando a dor e a vergonha foi legal pra mim, nada traumático.
 (R.S.L, 23 anos, Mielite transversa Viral. Em um relacionamento sério há 3 anos) Sinceramente fiquei receosa, tem muito tabu, tanto para nós deficientes, quanto para os dito "normais", não sabemos como será, como vamos fazer, mas na hora as coisas acontecem de uma forma tão natural que todo aquele medo vai por “água abaixo”, e você vê que é capaz, que não é um bicho de sete cabeças. Mas é claro o parceiro nessa hora conta muito, a pessoa têm que ser compreensível, saber suas limitações, sendo assim o clima flui...

(K.C.S, 24 anos, Distrofia Muscular, solteira) Na minha primeira vez eu tive aquela insegurança natural que toda garota tem. O receio de como seria, o que ele iria pensar de mim e do meu corpo, o medo da possível dor, como eu deveria agir, enfim.. Mas nada relacionado a deficiência. Eu sempre digo que foi boa... Mas as segundas, terceiras, quartas foram melhores rss
(D.R.S, Distrofia muscular, Solteira) Minha primeira experiência sexual foi boa, pois não foi algo feito por fazer. Eu estava certa do que queria, e fiz por amor. Senti as mesmas sensações que qualquer pessoa sente, anciedade, curiosidade, o que é comum para uma primeira vez.

inPerfeitas - Na hora da transa, existe alguma dificuldade para você em relação a deficiência? Algum receio? Vergonha?

(P.K.S, Distrofia Muscular, 32 anos, solteira.) Sim, tenho muito receio com relação a minha flacidez. Por minha doença ser no músculo, fico flácida e isso não me deixa muito atraente. Com roupa dá para esconder muita coisa, mas sem ela...é difícil.

(D.N.G. 28 anos, Distrofia Muscular, solteira) Nas primeiras vezes as limitações da deficiência dificultam bastante, pois temos em nosso inconsciente que a relação sexual deve ocorrer da maneira tradicional senão não será satisfatória. Mas isso não é uma verdade absoluta, com o passar do tempo eu fui descobrindo em mim mesma, posições sexuais e estímulos que funcionavam  da mesma maneira, e esse é o meu conselho à todos que estão lendo, busquem estímulos nas preliminares que caibam as suas dificuldades físicas, não tenham medo de ousar,porque só assim vamos descobrir como ter uma relação sexual mais proveitosa. Não posso deixar de ressaltar também que a compreensão e a ajuda do parceiro faz toda diferença.

(R.S.T, 28 anos, Distrofia muscular, solteira) Sim, hoje em dia tenho dificuldades de abrir bem a perna, sinto dor e acho que o rapaz que for ficar comigo vai ter que ser muito paciente. 


 (R.S.L, 23 anos, Mielite transversa Viral. Em um relacionamento sério há 3 anos) Dificuldade em si não, claro que pelo motivo de ser deficiente não são todas as posições possíveis de se fazer, mas com o tempo vamos adaptando formas diferentes de realizar, tudo com jeitinho é possível.  Nunca tive vergonha talvez, logo no inicio por não saber como seria, mas quando vi que tudo tinha dado certo, fiquei mais tranquila, e ai era só curtir o momento.


(K.C.S, 24 anos, Distrofia Muscular, solteira) Tirando a primeira vez eu posso dizer que não senti mais nenhuma vergonha. Sexo é feito de uma intimidade e troca de e energias muito grandes, por isso muitas pessoas independente de deficiência encontram dificuldades nessa questão, mas acho que quando você aprende a se gostar e aceitar como é, e claro se existe um carinho e uma confiança mútua entre você e o seu parceiro não sobra espaço para tantos receios, é assim que tem acontecido comigo.

(D.R.S, Distrofia muscular, Solteira) No inicio eu ficava com vergonha sim, pois ficava preocupada em haver comparações com uma mulher que fosse “perfeita”.

inPerfeitas - Você ficaria / transaria com outra pessoa com deficiência? O que você pensa a respeito disso?

(P.K.S, Distrofia Muscular, 32 anos, solteira.) Claro que sim. Não vejo problema algum. Teriamos dificuldades maiores do que se fosse um casal tendo apensas um com deficiência, porém o amor vence tudo e existem muitas formas de fazer amor.
(D.N.G. 28 anos, Distrofia Muscular, solteira) Com toda certeza, não vejo problema algum em me relacionar com um parceiro com deficiência .
(R.S.T, 28 anos, Distrofia muscular, solteira) Na verdade nunca cheguei a pensar nisso, se eu tenho dificuldades, imagina dois tentando.
 (R.S.L, 23 anos, Mielite transversa Viral. Em um relacionamento sério há 3 anos) Sim, e porque não? Se encontrasse alguém que mexesse comigo, que fosse alguém interessante, sim ficaria numa boa, acho que o que mais importa não é o estado físico que a pessoa se encontra. Se ela e você tem uma química, se rolou um tchan entre vocês, por que não dar uma chance né?!
(K.C.S, 24 anos, Distrofia Muscular, solteira) Claro que sim, já me relacionei por um tempo e já fiquei, transei também com outras pessoas com deficiência física. A única diferença que percebo é que quando o parceiro também tem uma deficiência há situações em que ele acaba sendo mais sensível em relação as nossas limitações e necessidades justamente porque ele também as tem. Mas pra mim é indiferente se o parceiro tem ou não uma deficiência, o que conta nessas horas é uma boa química entre ambos,  além claro de boas e atraentes qualidades.
(D.R.S, Distrofia muscular, Solteira)  Ficarai e transaria sim, pois acredito que quando se deseja outra pessoa, vai muito além de um corpo perfeito.
inPerfeitas - O parceiro tem/teve algum receio por você ter uma limitação? De machuca-las, constrange-las? 
(P.K.S, Distrofia Muscular, 32 anos, solteira.) Sim, Tive um namorado que tinha muito receio de me machucar, e em alguns momentos ele parava a transa para perguntar isso. Claro que isso fazia eu perder o tesão. Fato!
(D.N.G. 28 anos, Distrofia Muscular, solteira) Sim, todos os meus parceiros tiveram esse medo e eu acho que no caso o homem tem mais receio de machucar a mulher, de como fazer, como ajudar etc.. Por isso, a melhor coisa é se conhecer e assim poder passar ao seu parceiro o que você consegue fazer e como ele pode ajudá-la, isso demora um pouco pois ambos tem que se soltar. A prática é melhor maneira de chegar em um ponto comum de segurança para os dois .
(R.S.T, 28 anos, Distrofia muscular, solteira) Se eles gostam de verdade tem sim, carinho e cuidado pra ver se está tudo bem, caso não fazem independente se está achando ruim ou bom. Eu espero não pegar um desse.
 (R.S.L, 23 anos, Mielite transversa Viral. Em um relacionamento sério há 3 anos) Receio de constrangimento não, mas no inicio por ser também um momento novo para ele sim, ele teve receio de machucar, ficou mais cuidadoso, enfim... Com o tempo você vai se acostumando com a situação que já sabe a forma certa de agir, e como proceder.
(K.C.S, 24 anos, Distrofia Muscular, solteira) Poucas vezes, acho que tudo que é novo ou desconhecido causa um certo receio.  As vezes as pessoas não sabem como devem agir, se podem acabar nos machucando ou nos causando algum desconforto, isso é normal, mas é importante que a gente saiba esclarecer tudo que for preciso pra tranquilizar o parceiro. Nessas horas o bom diálogo e a confiança são fundamentais.
 (D.R.S, Distrofia muscular, Solteira) Eu nunca tive problema em relação ao parceiro. Sempre foi tudo muito natural. 
 inPerfeitas - Você sente/sentiu alguma frustração, bloqueio físico, em relação as posições, caricias ? Como que é?

(P.K.S, Distrofia Muscular, 32 anos, solteira.) Sim. É difícil você não poder satisfazer plenamente seu parceiro, e na cama o bom é a troca. Eu já tentei fazer quase todas as posições que me pediam e eu via que poderia ser possível, quando não dava certo, eu ficava frustrada. Aí batia aquele pensamento negativo e super idiota de: "Poxa... ele poderia estar com alguém que satisfizesse ele bem mais..."

(D.N.G. 28 anos, Distrofia Muscular, solteira) Não considero um bloqueio, mas não são todas as posições tradicionais que posso fazer. No começo da minha vida sexual comprei um livro “Kamasutra”, que por sinal eu  recomendo à todas as minhas amigas e amigos com deficiência, por que lá tem centenas de ideias de posições e caricias que nos ajudam muito. Então não me frusto, sempre penso, quem escreveu este livro sabe que nós usamos muito pouco da imaginação, e para nós com deficiência,  ele pode ser um grade aliado.
(R.S.T, 28 anos, Distrofia muscular, solteira) Com certeza, não tenho uma desenvoltura como uma menina que tem força e tal, então sempre bate um constrangimento de estar sendo bom pra ele, e tem coisas que eu não faço, não gosto e se quiser ficar comigo tem que ser assim.
 (R.S.L, 23 anos, Mielite transversa Viral. Em um relacionamento sério há 3 anos) Não tive problemas nesse sentido, quanto às posições você deve fazer de acordo com suas limitações e conforme for você pode ir adaptando outros meios, outras formas, basta ter criatividade.
(K.C.S, 24 anos, Distrofia Muscular, solteira) Nunca fiquei frustrada, é claro que uma mulher cadeirante não tem a mesma facilidade com algumas posições e carícias, o bloqueio físico é real e não tem como a gente não se lembrar disso.  Mas a relação sexual é consequência de alguma atração ou de algum sentimento, as maneiras de carinhos, carícias e até posições é tão grande que é só dar atenção e caprichar nas possibilidades que a relação fica muuuuito satisfatória para os dois rs
(D.R.S, Distrofia muscular, Solteira) Teve uma época em que sentia sim, como eu disse antes, ficava com medo do parceiro fazer comparações, ou querer fazer alguma posição que eu não fosse conseguir. Mas isso nunca me aconteceu.
inPerfeitas - Você se considera feliz na vida sexual?
(P.K.S, Distrofia Muscular, 32 anos, solteira.) Hoje em dia sim, tenho procurado entender o verdadeiro significado da troca no sexo e tentado parar de exigir mais de mim.
(D.N.G. 28 anos, Distrofia Muscular, solteira) Sim, me considero feliz , tento aproveitar as possibilidades que a minha deficiência  me proporciona, mas não posso deixar de frisar que é um caminho trabalhoso que exige confiança, um parceiro que contribua e uma pitada de bom humor .
(R.S.T, 28 anos, Distrofia muscular, solteira) Sim, já faz um século que não pratico e não me faz falta, ainda não senti.
 (R.S.L, 23 anos, Mielite transversa Viral. Em um relacionamento sério há 3 anos) Tenho que confessar que meu parceiro é uma excelente pessoa que sempre me deixou a vontade, sempre me respeitou isso me deu certa autoconfiança. Sim com certeza me considero feliz sim sexualmente, pois um deficiente, por mais limitado que seja, pode ter prazer, pode ter momentos bons, basta se dar oportunidade, se conhecer, ter um parceiro que te respeite e te deixe a vontade,... Às vezes pode ser que algo não te de tanto prazer mais pode ser suprido de outra forma. Caricias ajudam muito para nós, deficientes. O deficiente precisa entrar no clima, ser tocado, acariciado, dessa forma ajuda a estimula-lo e fazer as coisas acontecerem de uma forma ainda mais prazerosa.
(K.C.S, 24 anos, Distrofia Muscular, Solteira) Tenho muitas coisas ainda a descobrir, vontades e sonhos secretos a realizar rsrs. Mas atualmente considero-me muito satisfeita e bem esclarecida nessa questão. Espero que nossos exemplos sirvam de incentivo para que outras pessoas com deficiência se aceitem, se gostem do jeitinho que são e percebam que toda sensualidade e poder de sedução pode estar em um olhar, um gesto, ou um toque por exemplo, é fundamental conhecer as nossas inúmeras possibilidades e usá-las a nosso favor. Dessa forma as coisas fluem de maneira natural e muito mais prazerosa! rsrs
(D.R.S, Distrofia muscular, Solteira) Tenho uma vida sexual muito boa e muito bem resolvida.

domingo, 26 de maio de 2013

Show do Roupa Nova!!! Foi bom demais!

Hoje tenho algo muito legal para contar para vocês, leitores. Há muito tempo, muito tempo mesmo eu não ia há um show, um lugar onde tivesse muitas pessoas e muita aglomeração. Porém, desde que eu comprei a cadeira, estava com muita vontade de ir á um. E nesse final de semana surgiu uma oportunidade. E quero contar a todos tudinho com detalhes de como foi.
O Show foi do Roupa Nova, e em uma cidade aqui perto da minha, em Pederneiras – SP. O Show foi aberto ao público, de graça, então pensem na quantidade de pessoas que tinha no espaço.
Mariana, eu e Natália no Show!
Chegamos lá faltando pouco tempo para começar o show. Fomos eu, minha prima Natália, seu namorado André e minha amiga Mariana. Primeiro chegando lá fomos procurar uma vaga especial para cadeirante, e descobrimos que não existia essa vaga. Saímos em busca de um estacionamento próximo e achamos um mais ou menos próximo. Descemos do carro, logo já apareceu um moço querendo nos ajudar, porém não havia necessidade. A organização da festa muito precária, ninguém sabia nos dizer por onde poderíamos entrar. Sinceramente eu estava a ponto de desistir. Todos disseram para não desistir que arrumaríamos um jeito. Então encontramos uma saída de emergência, e pedimos para o segurança deixar entrar por ali, pois seria mais fácil, por ser asfaltado, e mais fácil para andar com a cadeira, ele não deixou e foi bem grosso. Tivemos que dar uma grande volta, passar com a cadeira nas pedrinhas, bem chato. Ficamos esperando pra ver se alguém nos ajudava e nada. As meninas foram procurar ajuda, e eu fiquei com o André esperando. Passaram alguns minutos e apareceram uns 10 homens da Defesa Civil para conversar comigo, fiquei até preocupada, achando que eles queriam me carregar (risos). Foi então que começou a melhor parte, eles super atenciosos, vieram a mim, e me pediram para dar a volta no Recinto, pois assim abririam uma porta onde entram para o Camarim, e entraríamos por ai, por ser bem mais fácil.
 

Minha prima Natália e seu namorado André
 
Ah, eles também disseram que poderiam me levar de ambulância (risos), não aceitei, disse que iria até lá. Eu e o André demos a volta, e fomos escoltados pelos homens da Defesa Civil, me senti uma celebridade...(risos). Eles foram atenciosos demais, e colocaram a gente em frente ao palco, ai foi uma luta pra trazer as meninas até a gente. Mas tudo deu certo, e eles foram buscá-las também. Depois foi só curtir o Show, que foi maravilhoso, eles me deram uma camiseta da banda, e mandaram beijo para mim.

Roupa Nova

Foi tudo muito lindo. No começo pensei em desistir. Ainda bem que não desisti, pois no final aproveitamos muito e foi super divertido. Eu queria muito dividir isso com vocês e dizer o quanto é importante não desistirmos do que desejamos. Nós podemos tudo, só depende da gente, da nossa vontade e força de ir buscar o que se quer.

Deixo um trecho de uma música linda do Roupa Nova para vocês:

Coração Pirata

"O meu coração pirata
Toma tudo pela frente
Mas a alma adivinha
O preço que cobram da gente
E fica sozinha
Eu levo a vida como eu quero
Estou sempre com a razão
Eu jamais me desespero
Sou dono do meu coração
Ah! O espelho me disse
Você não mudou
Sou amante do sucesso
Nele eu mando nunca peço
Eu compro o que a infância sonhou
Se errar eu não confesso
Eu sei bem quem eu sou
E nunca me dou"

Tenham uma linda semana! Até a próxima! Beijos

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Acessibilidade em concursos


Diante da dificuldade para as pessoas com deficiência ingressarem no mercado de trabalho, os concursos tem se tornado uma excelente rota de inclusão. E apesar de alguns políticos tentarem reduzir a cota obrigatória de reserva de vagas, de 5% para 3%, muitos ainda vem sonhando com a tão almejada segurança e estabilidade. Se não bastasse a disputa por uma vaga, nós temos ainda que nos submeter a um interrogatório sobre a veracidade da deficiência e enviar laudos com no máximo 12 meses AUTENTICADOS, comprovantes para o comitê organizador do concurso. Entendo que um concurso público é um processo seletivo sério e tal, e que alguns espertinhos gostem de tirar vantagem, mas inventar uma deficiência eu já acho demais né não?!


Entrei nessa onda de concursos e comecei a estudar em casa, e resolvi fazer as aulas on line mesmo. Não tenho muita paciência pra estudar para concurso, ainda mais em cursinhos com aqueles “concurseiros” que já sabem de cor tudo o que acontece em cada banca examinadora. Desculpem amigos concurseiros, mas alguns são chatos mesmo kkkkkkkkkkk não dão folga pra quem quer aprender e ficam apressando o professor na intenção de “ganhar tempo e assunto extra”. Acreditem, não adianta nada disso tá, todo o conteúdo já está definido e estruturado nas apostilas! Bem, me inscrevi em dois concursos públicos federais aqui no meu estado e em ambos concorrendo como pessoa com deficiência e requerendo atendimento especial (salas acessíveis com rampas e banca especial para cadeira de rodas). Preenchi todas as fichas solicitando o “tratamento especial” e enviei toda a documentação, em um deles gastei mais do que o valor da inscrição, pois paguei o SEDEX com resposta (uma exigência a mais da organizadora affff) e no outro tive que ir pessoalmente à organizadora entregar o formulário. 

Como sou amadora nesse quesito concurso, eu imaginava que eles entrariam em contato pra avisar ou que tivesse algo no site sinalizando algum erro no meu pedido me dando tempo de corrigir alguma falha (caso houvesse) e eu pudesse ter meu pedido deferido. Mas não tinha e eu tive que ligar para Brasília umas três vezes e para números diferentes, até ouvir que meu pedido não tinha sido deferido pois o laudo enviado não atendia a exigência do edital. Eles alegaram que não era original, mas o edital pedia original ou cópia autenticada e foi justamente isso o que enviei.  Entrei em desespero total né, pois só fiquei sabendo disso dois dias antes da prova e não tinha como corrigir o tal erro já que não era permitido o reenvio dos documentos ou qualquer reinvindicação. Consegui o telefone do local onde iria fazer a prova e me informei sobre a acessibilidade do prédio e se lá eles possuíam a tal banca pra minha cadeira, e me falaram que sim que tinham tudo lá. Fiquei um pouco mais calma, mas combinei de chegar lá duas horas antes só pra me certificar. Cheguei lá e tive que contar com a boa vontade dos funcionários da faculdade pra que eu pudesse entrar com o meu carro. Conferi a acessibilidade e tive que seguir pra sala com os fiscais. Chegando à sala tive outra agradável surpresa, não havia banca pra mim. A fiscal chamou o coordenador e ele foi meio grosso e disse que não sabia da minha solicitação já que eu não havia me inscrito como pessoa com deficiência, eu confirmei minha solicitação e mostrei pra ele tudo o que eu estava dizendo. Falei que não precisava de muita coisa, o birô ou até mesmo uma prancheta já me serviriam, ele disse que ia ver o que era possível e retornou uns vinte minutos depois com uma prancheta. Consegui fazer a prova sem maiores problemas (apesar de estar muito cansativa a prova foi boa).A saída da sala foi tranquila e pude conversar com uma das fiscais que me ajudou, ela também ficou surpresa com a falta de organização e burocracia para deferir o meu pedido.



Sei que problemas existem em todas as áreas além de pessoas que mentem e se aproveitam do atendimento preferencial, mas não vejo o porquê de tanta burocracia para atender e permitir que mais pessoas possam ter acesso a um direito que lhe é assegurado pela Constituição Federal. Devido ao meu nervosismo e amadorismo, deixei passar essa falha da organizadora, mas quero que fiquem em alerta para cada detalhe e passem a brigar mais pelos seus direitos. Este percentual existe não por sermos considerados coitadinhos, mas por uma falha na própria sociedade que insiste em não nos ver como pessoas capazes e produtivas. E como falei no começo, existem políticos querendo reduzir o percentual da exigência no valor da cota para pessoas com deficiência nas empresas, outro absurdo que devemos unir forças e lutar contra. Pra reduzir esta cota, o governo precisa mudar muita coisa a começar por oferecer uma educação de qualidade e inclusiva, que permita que pessoas com qualquer limitação possa competir em igualdade por uma oportunidade de emprego, desde que respeite os limites do candidato. E isso independe de ser uma deficiência ou conhecimento, todos possuímos um limite que pode ser ultrapassado e compensado por outra habilidade, bastando ser desenvolvida.

Vou deixar aqui uns links interessantes e importantes para que vocês possam participar do abaixo assinado contra a redução das cotas e uma matéria sobre um rapaz que processou a organizadora do ENEM pelo mesmo motivo que eu, falta de acessibilidade mesmo ele tendo se inscrito e solicitado o atendimento especial.
Beijos e inté mais
=)