A GIGANTE Elaine Batista: "Às vezes as coisas acontecem para abrirmos os olhos para a vida e dar mais valor as pequenas coisas”.

Hoje venho apresentar a vocês uma amiga muito querida que fiz através da internet. Quando a conheci não imaginava o tamanho da força de vontade e do exemplo de superação e determinação que essa linda mulher é. Desde sempre se mostrou muito simpática e quando eu e as meninas decidimos criar o blog, eu vinha pensando em uma forma de convidá-la para falar dessa linda história de vida. Vou deixar de enrolar, e abrir espaço para a Elaine se apresentar e emocionar vocês.

Elaine antes do acidente.

“Meu dia a dia antes do acidente era em uma fábrica de embalagens e alguns bicos num salão de beleza de uma amiga. Eu morava só, tinha minha casinha toda arrumadinha, tudo novo, e pra ter que abrir mão da minha liberdade foi muito difícil, praticamente nasci de novo, tive que começar uma nova historia, me adaptar... Aprender a conviver com muitas coisas que eu jamais imaginava, como por exemplo, comer com um adaptador, teclar etc. Mas a vida é uma caixinha de surpresas onde não sabemos o que vem pela frente. Às vezes as coisas acontecem pra abrirmos os olhos para vida e dar mais valor as pequenas coisas”.

 Olá galera me chamo Elaine Batista, tenho 32 anos e sou de Embu das artes, São Paulo. Em 2009 sofri um assalto vindo do trabalho em São Paulo, reagi e acabei tomando um tiro no pescoço onde me causou uma tetraplegia, lesão medular c4.

De lá para cá minha história mudou totalmente, eu não mexia nada nem sequer falava direito, pois a lesão comprometeu voz, braços e pernas. Passei um mês no hospital tomando banho na cama, comendo pelas mãos de outras pessoas e usando um colar cervical que me apertava e machucava meu pescoço. Quando os médicos chegavam perto de mim era só negatividade, esperança nenhuma de vida, minha família só chorava. Até que um médico, um neuro cirurgião disse pra minha mãe: “Mãe, a senhora está preparada pra cuidar da sua filha o resto da vida? Porque mãe, ela não vai sentar nem ter mais nenhum movimento. A senhora vai ter que dar banho, comida na boca... Ela voltou a ser um bebê”. Minha mãe coitada chorando disse pra ele: “Doutor eu creio no médico dos médicos e ele vai colocar minha filha de pé”. O médico muito arrogante pegou em meu braço e disse “mãe isso é uma carne morta!” Eu mesmo falando baixo disse: “vamos ver mesmo se é uma carne morta!!”

O tempo foi passando e pra onde quer que eu fosse, tinha de ir com a ambulância e maca. E numa dessas saídas, descobri a Rede Lucy Montouro, lá eu comecei a fazer teoria ocupacional e fisioterapia. Conheci pessoas maravilhosas que me acolheram e disseram que eu era capaz sim, e o que os médicos disseram eu deveria esquecer, pois ali eu começaria uma nova história. E realmente foi isso o que aconteceu, disparei a fazer fisio e teoria ocupacional, meus braços começaram a se movimentar e aquilo foi me dando mais força. Fui fazendo amizades, pois sou muito comunicativa e quando eu chegava em casa minha família já via a diferença, e vendo aquela movimentação todos se emocionavam e diziam “meu Deus o que é isso!?” , eu dizia “Deus proverá!!” Eu muito animada, quando de repente a prefeitura me liga dizendo que não poderia mais me fornecer o transporte pra eu poder fazer fisio lá na clinica. Nossa, fiquei arrasada por alguns dias, mas eu sabia que eu não poderia parar. Corri atrás e comecei a ter visitas de um projeto, o Saúde em Casa. Era pouco, mas já ajudava. Um belo dia no facebook conversando com um amigo de Sorocaba, conversa vai conversa vem, ele me disse: 

Elaine no Stand Table

- Amiga, tenho um aparelho aqui que não uso,

E eu disse:

- Será que é o que quero comprar?

Ele disse:

- É um Stand-Table” ,

Eu disse:

- É esse mesmo de ficar de pé e tal. Quanto você vai querer nele??

Ele disse:

- venha buscar amiga, é seu!

Minha resposta, claro:

- Uhuuuuuuuuuuuuu mentiraaaaaaa

Ele responde, sem titubear:

- É verdade, venha buscar.

Fui buscar, mas tinha outro problema, meus 3 irmãos trabalhavam e não era sempre que poderia usar o aparelho. Continuei com o programa que atendia em casa e de repente me aparece um fisioterapeuta. Galera, o cara me faz trabalhar MUITO, e até eu ficar bem cansada ele não me deixa parar a fisio. E com ajuda da minha família, o contratei. Hoje faço 2 vezes por semana, e eu AMO fazer minha fisio!!

Eu sempre fui uma pessoa muito pra frente nunca fui de esperar por ninguém, sempre corri atrás e hoje tenho que esperar pela boa vontade das pessoas. Já levei muitos nãos, muitas portas na cara e muitas caras feias. Tem dias que acordo e peço a Deus que meu dia seja melhor que o anterior. Vivo todos os dias intensamente e gosto muito de ajudar meu próximo, por esse motivo sou muito abençoada. Quando penso que está tudo perdido...olha eu me reerguendo de novo! E em toda minha vida foi assim, nunca tive nada de mão beijada, tudo com muita luta, e não me arrependo de nada porque hoje recebo tudo em dobro, Deus sempre foi muito generoso comigo. Me sinto privilegiada por ter a família maravilhosa que tenho. Uma mãe que tiro o chapéu pra ela e pelos poucos amigos que me restaram, porque quando você anda para lá e para cá você tem milhares de amigos, mas quando acontece algo assim ou pior, todos somem e somente te restam alguns, bem poucos, mas tem um ditado assim : QUEM NÃO É VISTO NÃO É LEMBRADO....e é bem por aii ...

Vocês se lembram daquele médico que disse que meus braços era uma carne morta?! Voltei lá guiando minha cadeira de rodas SOZINHA, ele olhou pra mim abismado com o que viu e disse:

- É, a medicina nos surpreende a cada dia.

Eu bem humilde disse a ele:

- Doutor, o senhor lembra mesmo de mim? E ele disse que sim.

- Lembra que o senhor disse que meus braços eram carne morta?! Eis me aqui, com essa carne bem viva e disse mais você não é DEUS, ele sim pode todas as coisas! E fui embora. Ele continuou me olhando de boca aberta. 

O que quero dizer a vocês é que nunca desistam dos seu objetivos e seus sonhos mesmo que ele seja bem pequeno ou até mesmo impossível.

Hoje toda aquela tristeza, angústia que eu sentia já não existe mais. Claro que tenho problemas como toda pessoa normal. Saio, vou ao shopping, vou a festas, adoro tomar minha cervejinha, sou feliz da melhor maneira possível. Continuo com o tratamento na Rede Lucy Montouro, e lá ganhei cadeira de rodas, órteses, e tudo mais que preciso eles sempre me ajudam. A cada passo minha família está sempre comigo, eles me dão força em tudo que faço, e eu sou muito feliz. Essa é minha história galera, e espero poder ajudar muitas pessoas sem expectativa de vida. Porque o tempo não para galera, faça de uma pequena história um grande momento!!!

FIM

Deixo pra vocês um vídeo onde a Elaine dá mais uma prova da sua força de vontade. Parabéns amiga, e muito obrigada pela confiança.

Beijos e inté mais

=)